A primeira Biofábrica do Método Wolbachia do Estado de São Paulo foi inaugurada, em Presidente Prudente, no Jardim Everest. A cerimônia marcou o início das solturas dos wolbitos – mosquitos com a bactéria Wolbachia que serão liberados na cidade para se reproduzirem com os Aedes aegypti locais, criando uma nova população de insetos incapaz de transmitir dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana. Os primeiros mosquitos foram soltos de forma simbólica no estacionamento da biofábrica e no seu entorno.
Como funcionarão as solturas
A estratégia prevê a liberação semanal dos mosquitos com Wolbachia por aproximadamente 28 semanas. A biofábrica de Presidente Prudente será responsável por todas as etapas do processo — da eclosão dos ovos à criação dos mosquitos adultos. Os ovos, já contendo a bactéria, são enviados da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
A tecnologia não envolve modificação genética e é considerada segura, eficaz e natural. Após as solturas, os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com os Aedes locais, e ao longo do tempo, a bactéria se estabelece na população, reduzindo drasticamente a transmissão de arboviroses. Os efeitos da implantação devem ser sentidos entre 1 a 2 anos após o término das solturas.
Engajamento comunitário
Antes do início das solturas, foram realizadas mais de 170 atividades de engajamento com a população prudentina, alcançando cerca de 61 mil pessoas. O objetivo foi explicar o funcionamento do método e garantir o apoio dos moradores para a eficácia da estratégia.
Bairros que receberão os wolbitos
Mais de 80 bairros de Presidente Prudente estão incluídos na primeira fase do programa. Entre eles: Ana Jacinta, Cecap, Jardim Everest, Jardim Bela Daria, Jardim Maracanã, Parque Furquim, Vila Maristela, entre outros. (Lista completa disponível ao final da matéria.)
O que é o Método Wolbachia
Desenvolvido por cientistas da Austrália em parceria com a Fiocruz, o Método Wolbachia consiste na introdução de uma bactéria natural em Aedes aegypti. Essa bactéria impede que os vírus da dengue e outras arboviroses se desenvolvam no mosquito. O método já foi implementado em 14 países, com resultados expressivos.
No Brasil, o projeto já atendeu mais de 3,2 milhões de pessoas em cidades como Rio de Janeiro, Niterói e Campo Grande, registrando redução de até 77% na incidência de dengue, de acordo com estudos clínicos.