O preço do leite no campo empacou. E não é só uma questão de centavos.
R$ 2,64 por litro foi o que o produtor recebeu em junho. Mesmo valor de maio. Nenhum reajuste, nenhum alívio. E ainda por cima, abaixo do que se pagava no mesmo mês de 2024. Em um país onde tudo sobe — menos o leite pago ao produtor —, a conta simplesmente não fecha.
O mais curioso (ou preocupante) é que estamos na entressafra, quando normalmente a oferta de leite cai por causa do frio e da seca nos pastos. Seria a hora do preço reagir. Mas não. Este ano, a lógica virou de cabeça para baixo.
A produção cresceu. Sim, cresceu. Resultado de investimentos feitos com expectativa de melhora no mercado. O produtor fez a lição de casa, mas o consumidor não apareceu. A demanda segue fraca, o consumo estagnado. E no fim das contas, quem acaba penalizado é sempre o elo mais frágil: o pecuarista.
É o velho ciclo viciado da cadeia leiteira brasileira: quando o produtor aposta, o mercado recua. E quando o preço finalmente sobe, já é tarde — o prejuízo já está na porteira.
Enquanto isso, seguimos vendo leite caro no supermercado e barato na fazenda. Uma distorção que ninguém resolve, mas todo mundo sente no bolso.