Em um país com as dimensões e a pluralidade do Brasil, é lamentável perceber como seguimos reféns de uma vaidade que extrapola a política e alcança o cerne do poder institucional. A pergunta que ecoa — e deveria incomodar a todos nós — é: até quando?
Ontem mesmo, vimos um dos maiores veículos de comunicação do país, a Globo, curvar-se diante das atitudes do ministro Alexandre de Moraes, acompanhado por outros membros da imprensa — muitos sustentados por recursos públicos. Um reflexo preocupante da relação entre mídia, poder e interesses.
O povo paga a conta. Paga pela vaidade de um membro do STF que, segundo críticas recorrentes, ultrapassou os limites do direito legal e os princípios constitucionais. Um juiz que julga com o verniz de imparcialidade, mas com decisões que levantam suspeitas e questionamentos — e que conta com o apoio de um pequeno grupo que reforça a narrativa dominante.
Independentemente da figura julgada — seja Bolsonaro ou qualquer outro —, a justiça deve ser cega, equilibrada e imparcial. Quando estupradores e criminosos condenados têm mais direitos que alguém ainda em julgamento, algo está muito errado.
O problema aqui não é apenas jurídico — é moral, é democrático, é institucional. Um julgamento feito na instância errada, da forma errada, no palco errado. Um Estado que parece sufocar qualquer forma de oposição ideológica, criminalizando opiniões divergentes.
E seguimos perguntando: até quando?
Até quando o Brasil será cenário de decisões políticas travestidas de justiça? Até quando seremos espectadores de um sistema que sufoca vozes ao invés de dialogar com elas?
A democracia não sobrevive sem equilíbrio de poderes. E o Brasil, com toda a sua grandeza e representatividade, não pode ser refém de vaidades travestidas de autoridade.