Faleceu nesta terça-feira (5), em Presidente Prudente, aos 66 anos, Luiz Otávio Aranha Lacombe, ex-técnico da Seleção Brasileira de Karatê e nome de grande relevância para o esporte prudentino, especialmente por sua atuação na Secretaria Municipal de Esportes (Semepp) e na Amepp (Autarquia Municipal de Esportes). O velório será realizado na Casa de Velório Athia.
Em forma de homenagem, esta matéria destaca a trajetória de Lacombe, marcada por disciplina, conquistas e dedicação à formação de atletas e ao desenvolvimento do karatê no Brasil e em Presidente Prudente.
Uma vida dedicada ao esporte
Nascido no Rio de Janeiro, Lacombe era solteiro e pai de cinco filhos: Luiz Gustavo, Marília A., João Carlos, Marília J. e Luiz Otávio Jr. Formado tecnicamente pelo CREF como professor de karatê, também cursou dois anos de Direito, mas não concluiu o curso. No karatê, foi graduado como 7º Dan pela Confederação Brasileira de Karatê.
Começou no esporte aos 11 anos de idade, e logo se destacou nas competições. Foi bicampeão de katá e luta em Brasília, nos anos de 1975 e 1976. Em 1985, foi campeão carioca e vice-campeão brasileiro como atleta da Seleção Carioca. A carreira como professor teve início no América Futebol Clube, no Rio de Janeiro.
Chegada a Presidente Prudente e legado na Amepp/Semepp
Em 1988, Lacombe mudou-se para Presidente Prudente, onde fundou sua primeira academia, a Nagai Kan, nome que homenageava o dojo onde iniciou no karatê, ainda em 1971, em Brasília. Dois anos depois, em 1990, tornou-se técnico da equipe da Amepp.
Sob sua liderança, a equipe prudentina conquistou 11 títulos dos Jogos Regionais e, em 1995, quebrou uma hegemonia de dez anos de Guarulhos ao vencer os Jogos Abertos do Interior em São José do Rio Preto.
Entre os destaques da equipe nesse período estavam atletas como Fernando Barros, Renato Franco (in memoriam), Sérgio Santana, Jonas Coelho, Alexandre Serra e outros.
Lacombe também ministrou aulas em polos da Amepp nos bairros, como no Parque Alvorada, na Escola Professor Ditão (Cohab) e na Apea.
Na Seleção Brasileira: duas décadas de conquistas
Por 20 anos, Lacombe foi técnico da Seleção Brasileira de Karatê, atuando em todas as categorias, do juvenil ao adulto. Sua maior lembrança foi a participação no Mundial de Johanesburgo, África do Sul, onde o Brasil conquistou 15 medalhas: 1 de ouro, 3 de prata e 11 de bronze — a maior marca da história do karatê brasileiro em mundiais.
Também comandou a seleção em 7 títulos Pan-Americanos, 6 Sul-Americanos e nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, com mais 11 medalhas (1 ouro, 4 pratas e 6 bronzes).
Gratidão aos alunos e mestres
Lacombe fez questão, em vida, de sempre destacar os nomes que marcaram sua trajetória. Entre os atletas que formou e acompanhou, citou: Carlos Augusto, Mario Augusto, Rodrigo Santos (Tuche), Luciano Vicente (Pezão), Fernando Barros, Alexandre Serra (Xandão), Diovane Chacon, Aline Silva, Flávio José da Silva, Guilherme Akil, Vivian e Bruno Toni, entre muitos outros.
Também expressava profunda gratidão aos mestres e apoiadores: Chiderico Alan Castro, Antonio Flávio Testa, Manoel Botelho (in memoriam), Celso Rodrigues, Sadamu Uriu, o falecido prefeito Agripino Lima e o Vasco da Gama, que apoiou o karatê prudentino por um período.
Um momento inesquecível
Um dos momentos mais emocionantes que Lacombe viveu foi também no Mundial de Johanesburgo. Durante a premiação, houve uma falha na execução dos hinos. Quando o brasileiro Diego Fernandes subiu ao pódio para receber o ouro, os próprios atletas entoaram o Hino Nacional. A atitude emocionou os presentes e inspirou atletas de outros países a fazerem o mesmo, tornando aquele momento um símbolo de respeito e união entre as nações.
Seu conselho: disciplina e gratidão
Lacombe sempre destacou a importância de valores como disciplina, respeito, humildade e gratidão. “Todos os momentos você tem que construir. Determinação e vontade de vencer são essenciais para qualquer pessoa alcançar o sucesso na vida ou no esporte”, disse certa vez.