Um homem, de 30 anos, foi preso em flagrante nesta segunda-feira (21) após invadir o campus da Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Presidente Prudente, provocar tumulto e causar danos ao patrimônio público. O episódio mobilizou equipes da Polícia Militar, da segurança institucional da universidade e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAME), e foi tratado pelas autoridades como ocorrência de dano qualificado em contexto de aparente surto psicótico.
Segundo consta no Boletim de Ocorrência, o rapaz chegou à universidade por volta das 10h20 e solicitou contato com um amigo que trabalha no local. No entanto, após ser atendido brevemente pelo amigo, o rapaz começou a apresentar comportamento alterado e falas desconexas. Em pouco tempo, sua conduta evoluiu para agressividade. Em surto ele passou a circular de forma desorientada pelo campus, tentou forçar a entrada em uma agência bancária instalada na instituição e, em seguida, quebrou portas de vidro em ao menos dois setores — incluindo um laboratório multidisciplinar.
A situação gerou alerta entre funcionários e estudantes. Uma equipe de seguranças da UNESP, foram chamados por colegas e conseguiu conter o rapaz nas imediações do setor de materiais, área sensível da instituição onde são armazenados equipamentos eletrônicos de alto valor. Segundo seu relato, ele verbalizava frases desconexas como: “estão querendo me matar”, “estão me filmando”, “vou morrer aqui” — o que reforçou a suspeita de um episódio psicótico agudo.
Com a chegada da Polícia Militar, os agentes constataram o grau de descontrole do indivíduo e acionaram imediatamente o SAME. Dada a intensidade da crise, a equipe médica precisou imobilizar com faixas de contenção nos braços e pernas, antes de transportá-lo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte. Mesmo após receber medicação sedativa, o rapaz permaneceu agitado, proferindo frases sem nexo e demonstrando ausência de percepção da realidade. Segundo a médica responsável, o paciente não apresentava condições clínicas ou psíquicas de prestar qualquer esclarecimento, tampouco há previsão de alta médica.
Histórico e circunstâncias
As investigações iniciais indicam que o rapaz não possui histórico criminal nem qualquer mandado de prisão em aberto. Conforme consulta, também não há registros de envolvimento em ilícitos em seu estado Paraná. No entanto, até o momento, nenhum familiar foi localizado pelas autoridades, e seus amigos mais próximos afirmaram desconhecer qualquer quadro clínico ou uso de substâncias ilícitas que pudesse justificar o surto.
O amigo do rapaz residente em Presidente Prudente, relatou que os dois estiveram juntos em um bar na noite anterior, no bairro Jardim Bongiovani, e consumiram apenas uma caipirinha. No trajeto de volta, o rapaz se afastou após solicitar um carro por aplicativo e não deu mais notícias até reaparecer na manhã seguinte, já bastante alterado.
Outro amigo de infância, confirmou que ele havia se hospedado em sua casa dias antes e que tinha vindo à cidade para resolver pendências bancárias. Ele relatou ainda que, naquela manhã, percebeu que o rapaz estava trêmulo, confuso e com sinais de alucinação, mas que o mesmo negou ter feito uso de qualquer substância. Minutos depois, ele escalou, culminando nos atos de vandalismo e na mobilização da polícia.
Decisão da autoridade policial
Diante dos fatos e da gravidade dos danos, a autoridade policial de plantão, Dr. Daniel Aparecido Viudes, considerou estar presente a situação de flagrante delito. O delegado também destacou que, apesar de não ter sido possível ouvir o indiciado por causa do surto, os relatos das testemunhas e os indícios materiais são suficientes para o indiciamento formal.
O valor da fiança foi fixado em dois salários mínimos, conforme o previsto nos artigos 325 e 326 do Código de Processo Penal, mas não foi quitado, já que os amigos do indiciado informaram não possuir recursos e não conseguiram contatar familiares que pudessem prestar auxílio financeiro. Com isso, o rapaz permanecerá preso e sob escolta policial na unidade hospitalar, aguardando audiência de custódia, que será realizada após a alta médica.
Até o momento, a universidade não divulgou uma estimativa oficial dos danos materiais causados, mas imagens de câmeras de segurança poderão ser utilizadas para complementar o inquérito e eventual processo judicial. A UNESP também foi orientada quanto ao prazo de seis meses para oferecer queixa-crime.