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5 de julho de 2025
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Refugiados da fome: Em fuga da Venezuela em colapso para Presidente Prudente, na luta por dias melhores

A crise na Venezuela tem forçado milhares de pessoas a deixarem suas casas em busca de uma vida melhor. A fome, a escassez de medicamentos e a repressão política levaram famílias inteiras a cruzar fronteiras e recomeçar do zero. É o caso de Jesus Alerrandro, de 29 anos, que vive atualmente em Presidente Prudente (SP), após ter deixado seu país natal há seis anos.

Jesus fugiu da Venezuela pesando apenas 43 quilos. “Eu comia manga verde para sobreviver, e as maduras eu levava para meus pais. Às vezes conseguíamos mandioca ou abóbora”, conta. O jovem relata que a fome era constante e a vida, extremamente difícil. “O governo começou a desapropriar produtores, aumentar impostos e perseguir empresários. Isso fez com que muitos deixassem de investir e a economia afundou.”

Ao chegar ao Brasil como refugiado, Jesus não possuía documentos como RG ou CPF, o que dificultava conseguir trabalho formal. Mesmo com a barreira da língua e sem qualificações específicas, conseguiu emprego como servente de pedreiro. “Mesmo assim, o que eu ganhava aqui já era mais do que na Venezuela. Lá, não dava para viver.”

Ele e o irmão foram os primeiros da família a cruzar a fronteira. Depois de muita luta, conseguiu trazer os pais, que hoje têm acesso à saúde e condições de vida dignas. “Aqui conseguimos cuidar da nossa saúde, algo que não era possível lá. Sou muito grato ao povo brasileiro. Muita gente me acolheu e me ajudou. O brasileiro tem um coração bom.

Um país em colapso

A Venezuela enfrenta uma grave crise política, social e econômica desde 2014. De acordo com dados da ONU, mais de 7,7 milhões de pessoas deixaram o país nos últimos anos, fugindo da fome, da repressão e do colapso dos serviços públicos. O governo de Nicolás Maduro é acusado de autoritarismo, perseguições políticas e má gestão econômica que levou à hiperinflação e escassez de alimentos e medicamentos.

“Lá, o governo começou a desapropriar produtores, aumentar impostos. Muitos empresários desistiram, tinham medo de investidas do Estado. Isso acabou com tudo”, afirma Jesus.

Do preconceito a superação

Apesar do acolhimento, Jesus também enfrentou preconceito. “Muitas pessoas olham com desconfiança por sermos estrangeiros, ainda mais quando não falamos bem o português. Sem formação, é ainda mais difícil conquistar respeito e oportunidades.”

Hoje, Jesus sonha com um futuro melhor, não apenas para si, mas para todos os que foram obrigados a deixar seu país. “Acredito que o bem sempre vence o mal. A solidariedade que encontrei aqui me dá forças para continuar.”

A história de Jesus é apenas uma entre milhares de venezuelanos que buscam no Brasil um recomeço. Em Presidente Prudente e outras cidades da região, eles tentam construir uma nova vida, longe da crise que ainda assola seu país de origem.

Roraima, a Porta de Entrada

Boa Vista, capital de Roraima, se tornou a principal porta de entrada dessa nova leva de migrantes. Localizada na fronteira com a Venezuela, a cidade viu sua população aumentar significativamente com a chegada de famílias inteiras em situação de extrema vulnerabilidade. Abrigos foram montados, escolas passaram a receber estudantes venezuelanos, e os serviços públicos tiveram de se adaptar rapidamente à nova realidade.

Atualmente existe um projeto chamado Operação Acolhida, que reúne órgãos públicos, Forças Armadas, agências da ONU e ONGs para oferecer atendimento humanitário, documentação, abrigo e, principalmente, a interiorização dos migrantes — realocando-os para outras cidades do país com mais capacidade de absorção de mão de obra e estrutura de acolhimento.

Desde então, milhares de venezuelanos foram transferidos para estados principalmente São Paulo e posteriormente chegando a região de Presidente Prudente, onde têm mais chances de reconstruir suas vidas com dignidade.

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