A Câmara Municipal de Presidente Prudente vive um dos momentos mais turbulentos dos últimos anos. O procurador jurídico da Casa, Fernando Monteiro, protocolou um pedido de cassação do mandato do vereador Izaque José da Silva (PL) por quebra de decoro parlamentar, após ser alvo de ofensas verbais, tentativa de agressão física e suposto assédio moral reiterado. O caso envolve acusações graves e movimenta os bastidores do Legislativo prudentino.
A denúncia, formalizada nesta terça-feira (8), foi entregue ao presidente da Câmara, vereador William César Leite (PP), e menciona fatos ocorridos durante a sessão ordinária do dia 30 de junho, amplamente divulgado aqui no Portal Oeste Cidade, quando Izaque, irritado com a negativa do procurador em emitir parecer fora do prazo regimental, teria proferido xingamentos e tentado agredi-lo fisicamente. A cena foi presenciada por servidores da Casa, que intervieram para impedir a agressão.
Além das ofensas, o vereador é acusado de conduta reincidente, com práticas de assédio moral, tentativas de intimidação institucional e pressão indevida sobre o corpo jurídico da Câmara para favorecer seus projetos.
🧭 Entenda o passo a passo do processo
1. Parecer de admissibilidade
A Câmara deverá contratar um jurista externo e imparcial para avaliar se há elementos jurídicos que justifiquem o recebimento da denúncia. Se o parecer for favorável, a denúncia será lida em plenário.
2. Votação em plenário (pós-recesso de julho)
Será necessária maioria absoluta (7 dos 13 votos) para que a denúncia avance. Caso contrário, o processo será arquivado de forma definitiva, sem chance de reabertura.
3. Comissão de Ética e Disciplina
Se aprovada, a denúncia seguirá para a Comissão de Ética e Disciplina, hoje composta por:
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Luís César Saito Santos – Presidente
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Izaque José da Silva – Relator (será afastado por ser o denunciado)
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Mauro Marques das Neves – Membro
Com o afastamento automático de Izaque, um novo relator será escolhido por votação interna. A comissão terá cinco dias úteis para analisar o conteúdo e emitir um parecer pelo recebimento ou arquivamento da denúncia.
4. Comissão Processante
Se a denúncia for acolhida pela Comissão de Ética, haverá nova votação em plenário. Com maioria simples, será formada uma Comissão Processante com três vereadores, que abrirá a fase de contraditório e ampla defesa.
➤ Tentativas de evitar o desgaste público
Conforme apurado, há uma articulação silenciosa entre alguns vereadores da base aliada do prefeito e parlamentares independentes para evitar o prolongamento do escândalo. A alternativa mais discutida é a de que Izaque Silva faça uma retratação pública em plenário antes da votação de admissibilidade, como forma de “pacificar” o ambiente.
Contudo, segundo fontes próximas ao vereador, Izaque resiste fortemente à ideia. Pessoas ligadas ao seu gabinete afirmam que ele considera a denúncia um ataque pessoal e político e não está disposto a se desculpar.
➤ Tensão na Comissão de Ética
A substituição do relator na Comissão de Ética pode ser decisiva. Caso o novo relator seja um nome alinhado com a maioria dos insatisfeitos com a postura de Izaque, o parecer pelo recebimento da denúncia será praticamente certo.
“A Comissão de Ética já tem maioria. Só falta formalizar”, revelou uma fonte da Câmara.
➤ Cenário no plenário
Nos bastidores, já há uma estimativa informal de votos caso o processo chegue ao fim. Levantamentos apontam que pelo menos oito vereadores estariam inclinados a votar pela cassação. Esses nomes incluiriam tanto vereadores independentes quanto membros de partidos da base do governo, que em outras ocasiões, já demonstraram desconforto com os métodos de Izaque no plenário.
Outros três vereadores, 2 considerados aliados históricos de Izaque e um insatisfeito com a base do governo estariam dispostos a votar contra a cassação. Os dois votos restantes estariam indefinidos ou sujeitos a abstenção.
“Se for para o plenário final, a cassação acontece. A conta já está feita”, disse uma fonte com trânsito entre os blocos partidários da Casa.
➤ Efeitos políticos e possíveis desdobramentos
O caso tem potencial de se tornar um marco jurídico-político na história recente do Legislativo prudentino, tanto pela gravidade das acusações quanto pelo impacto que pode gerar nos bastidores de 2026, ano de eleições.
Além disso, o episódio poderá reforçar o debate sobre os limites do comportamento parlamentar, a proteção aos servidores e o respeito à estrutura institucional da Câmara.
➤ Próximos passos
Com o recesso parlamentar em vigor, os trâmites devem ser retomados a partir da segunda quinzena de julho, com a leitura da denúncia e apresentação do parecer jurídico externo.
A partir daí, o plenário decidirá se o caso será arquivado ou se avançará rumo a um processo que poderá culminar na cassação de mandato de um dos vereadores mais antigos e polêmicos da Casa.
Enquanto isso, os bastidores seguem fervendo e a Câmara de Presidente Prudente se prepara para dias de tensão e decisões históricas.