A recente aprovação dos aumentos salariais para vereadores, prefeito, vice e secretários municipais de Presidente Prudente (SP) gerou grande repercussão na cidade. A presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Luciana Telles, fez duras críticas aos reajustes, que foram aprovados para vigorar a partir de 2029.
“É revoltante e causa indignação. Dizem que não há recursos, que é preciso economizar, mas aprovam aumentos na calada da noite. Enquanto isso, servidores estão com licenças-prêmio atrasadas, não conseguem vender 10 dias de férias e estão há anos sem aumento real nos salários”, disse a sindicalista a TV Fronteira.
Reajustes aprovados pela Câmara de Presidente Prudente
Os parlamentares aprovaram os seguintes aumentos, válidos para a legislatura de 2029 a 2032:
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Vereadores: aumento de 97,1% → R$ 13.826,21
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Presidente da Câmara: aumento de 73,5% → R$ 17.387,32
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Vice-prefeito e secretários: aumento de 48,32% → R$ 20.975,34
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Prefeito: aumento de 20,85% → R$ 34.183,19
Também foi aprovada a ampliação do número de cadeiras de 13 para 19 vereadores a partir de 2029.
Salário de sindicalista ultrapassa o do governador de São Paulo
Apesar das críticas, a própria sindicalista passou a ser alvo de questionamentos após o Portal Oeste Cidade acessar o Portal da Transparência de Presidente Prudente. Luciana Telles é servidora efetiva como professora de educação infantil e, nos últimos meses, teve vencimentos superiores aos de muitos cargos de alto escalão.
Veja os valores:
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Abril de 2025: R$ 44.912,45 (incluindo licença-prêmio)
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Maio de 2025: R$ 16.134,96
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Junho de 2025: R$ 24.158,39
Além de professora municipal em Presidente Prudente, Luciana também é professora da rede estadual de ensino. Em abril, Luciana recebeu mais do que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que passou a receber R$ 36.301,53 mensais a partir de junho de 2025.
Recebe da Prefeitura sem estar em sala de aula
Outro ponto que chama atenção é que Luciana não está atualmente lecionando. Ela está afastada de suas funções como professora para atuar exclusivamente como presidente do sindicato, mas continua recebendo integralmente seus vencimentos da Prefeitura.
O afastamento é legal, com base na legislação sindical, mas a situação gerou críticas, pois os salários pagos são custeados com dinheiro público, mesmo sem prestação direta de serviço à educação municipal.
Contradição entre discurso e prática?
A polêmica acende um debate sobre coerência entre o discurso sindical e a realidade de parte do funcionalismo público. Enquanto Luciana Telles denuncia falta de valorização e reajuste salarial para a base da categoria, seus vencimentos mensais – mesmo sem estar em sala de aula – superou em os de cargos como o de governador de São Paulo.
Até o momento, a sindicalista não se manifestou oficialmente sobre os valores recebidos nem sobre o acúmulo de função sindical com salário público.