Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) a nova tarifa de importação de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre uma série de produtos brasileiros, e os reflexos já começam a ser sentidos na região de Presidente Prudente, que possui municípios com presença ativa no comércio exterior. As informações constam em levantamento baseado na divulgação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que monitora os impactos do chamado tarifaço sobre setores estratégicos da economia nacional.
Alerta para o comércio exterior regional
Ainda que o levantamento não seja definitivo — já que alguns produtos podem receber isenção conforme especificações técnicas —, o cenário preocupa empresários e gestores públicos. A região de Prudente exporta uma gama variada de produtos aos EUA, que agora enfrentam um aumento significativo de custo ao entrarem no mercado norte-americano, tornando-os menos competitivos.
Entre os municípios afetados estão Presidente Prudente, Alfredo Marcondes, Pirapozinho e Regente Feijó.
Presidente Prudente: impacto direto sobre eletrônicos e instrumentos médicos
Presidente Prudente é destaque regional na exportação de equipamentos eletrônicos, instrumentos de precisão e produtos cosméticos. Os principais itens embarcados aos Estados Unidos agora enfrentam a nova taxa:
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Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: US$ 8.128,09
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Instrumentos ópticos e médico-cirúrgicos: US$ 65,29
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Produtos de perfumaria e cosméticos: US$ 49,95
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Produtos químicos inorgânicos e orgânicos: US$ 4,43
A expectativa é de retração nas encomendas, com algumas empresas já relatando suspensão temporária de contratos e renegociações de valores com distribuidores norte-americanos.
Alfredo Marcondes surpreende em exportações de tecnologia
Mesmo com porte menor, Alfredo Marcondes lidera em valor exportado no segmento de eletrônicos, com US$ 13.381,56, superando Prudente. Também aparecem na pauta de exportações:
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Instrumentos médicos e de medição: US$ 50,50
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Obras em papel e cartão: US$ 0,45
A tarifa poderá travar a expansão dessas operações, afetando empregos e a arrecadação do município, que vinha crescendo como polo emergente em componentes industriais.
Pirapozinho: agroindústria sob ameaça
Com o maior volume de exportações da região, Pirapozinho movimentou US$ 19.500,61 em carnes e miudezas comestíveis, setor fortemente exposto a barreiras tarifárias e sanitárias. Também exporta:
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Produtos à base de fécula e enzimas: US$ 94,34
Empresas do setor já sinalizam preocupação com perdas de competitividade frente a países como Argentina e Austrália, que mantêm acordos bilaterais mais vantajosos com os EUA.
Regente Feijó: microexportadores vulneráveis
Regente Feijó aparece com US$ 71,52 em exportações de eletrônicos, o que pode parecer pouco em valores absolutos, mas representa produção de pequenas indústrias locais. A aplicação da nova tarifa ameaça a viabilidade econômica desses negócios, que têm menos margem para absorver os custos adicionais.
O que diz o MDIC
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços esclareceu que algumas mercadorias podem ser isentas da tarifa, a depender da classificação específica e do acordo comercial aplicado, e que o levantamento é parcial. No entanto, já há movimentação em Brasília para negociar exceções ou buscar acordos que reduzam os danos ao setor produtivo brasileiro.
Reação do setor empresarial
Empresários da região estão em alerta e pressionam por alternativas. “Fomos pegos de surpresa com a magnitude da tarifa. Estamos buscando apoio junto às entidades de classe e consultando os clientes nos EUA para entender se haverá cancelamentos”, afirmou um industrial prudentino.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também emitiu nota chamando o aumento de “exagerado e desequilibrado” e defendeu ações diplomáticas urgentes.
Perspectiva e alternativas
Com o novo cenário, especialistas recomendam que as empresas da região busquem diversificação de mercados, invistam em certificações internacionais para acessar outros blocos econômicos, como União Europeia e Ásia, e estudem readequações logísticas e de custo para preservar suas margens.
Enquanto isso, municípios exportadores precisarão monitorar de perto os efeitos do tarifaço e apoiar políticas de incentivo às exportações para evitar retrações econômicas locais.